Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei (Mateus 11:28).
Como médicos e profissionais da área da saúde, comumente, convivemos de perto com a tristeza, a dor, a ansiedade, com as angústias dos pacientes e com nossas próprios questionamentos da vida. Este cotidiano, quando somado às árduas condições de trabalho, provoca uma avalanche de sentimentos, como desapontamentos, frustrações e decepções. Na esfera profissional, oscilamos entre o orgulho e a fraqueza, entre o sucesso e o fracasso. A frustração de errar, mesmo fazendo o melhor, a angústia ao dizer sim, quando deveria dizer não, ou de dizer não, quando deveria dizer sim. O contraste entre o sonho e a realidade pesa sobre nós e acarreta uma culpa que se destaca entre os demais sentimentos por ser mais recorrente, em particular, quando as necessidades pessoais e familiares são relegadas para um segundo plano. Segundo o médico Paul Tournier “O sentimento de culpa é uma constante das nossas vidas e está ligado aos relacionamentos humanos, às críticas alheias, ao desprezo social e ao sentimento de inferioridade”. Este sentimento é um fator que pode estar implicado na dinâmica entre a doença e a cura. Entretanto, mesmo sentindo-se fragilizado, os médicos muitas vezes, relegam ao segundo plano suas necessidades físicas, espirituais e emocionais, buscando alvos materiais econômicos e sociais. Como médicas refletindo neste modo de vida dos profissionais, lembramos as palavras de Brennam Manning, em seu livro o “Evangelho Maltrapilho” sobre as nossas fugas e meios de dirimir as culpas causadas pela vida. “Muitas vezes, com o objetivo de superar nossas fraquezas e culpas existenciais transpiramos debaixo de exercícios espirituais crendo que somos capazes de nos erguermos do chão puxando nossos próprios cadarços. Entretanto, mais cedo ou mais tarde somos confrontados com a dolorosa verdade da nossa inadequação e da nossa insuficiência, então nossa segurança é esmagada e nossos cadarços cortados, e assim descobrimos nossa incapacidade de acrescentar uma polegada que seja a nossa estatura espiritual”.
Considerando os sentimentos diversos que fluem na dinâmica da vida dos médicos, talvez, parar de nos esconder atrás de máscaras de super-humanos que nos transformam em caricaturas adoecidas, devamos buscar refúgio para as nossas almas e alento para as nossas angústias, culpas, e medos no médico dos médicos. Pois Jesus nos ensina: Os que têm saúde não precisam de médicos, mas sim os doentes, e Ele nos faz um convite para que todos que se sintam cansados e sobrecarregados venham a Ele com seus fardos, pois Nele encontramos descanso para nossas almas.
Para refletir: Executivos, médicos, advogados, militares, professores, pastores, profissionais liberais, domésticos ou seja lá qual for a sua área de trabalho, todos enfrentamos problemas. Quem sabe, neste exato momento, você deva parar, meditar e lançar sobre o Senhor o seu fardo?
Que o amor de Cristo te envolva neste dia.
Texto escrito por:
Dra. Maria do Desterro Leiros – Médica neurologista
Dra. Eliana Zakis – Psicologa
Dra. Márcia Brandebusrky Farias – Médica endocrinologista
Elas fazem parte do projeto Lucas que reúne profissionais da saúde, com o propósito de trocar experiências sobre a prática médica e os grandes temas pertinentes à vida do profissional, tendo como eixo as reflexões encontradas Escrituras Sagradas. O projeto Lucas é desenvolvido e baseado na cidade de João Pessoa.