Objeções ao ensino das Maldições na vida do crente.
Ao abrir as Escrituras e estudá-las com atenção e cuidado, vejo que não há uma conciliação possível para a afirmação de que “crentes em Cristo podem estar debaixo de Maldição”. Antes, porém, é bom saber que no conceito neo testamentário está a base da doutrina da igreja. Isto não quer dizer, absolutamente, que a igreja aboliu o Velho Testamento, mas que o Novo Testamento explica o Velho, e se firma em bases dos ensinamentos do Senhor Jesus, levando a rigor, os ensinos da velha aliança, em mais alta conta. Quando Jesus faz referência aos ensinos Mosaicos, Ele diz: “ouvistes o que foi dito”, mas na aliança superior Ele diz: “Eu, porém vos digo”. Assim sendo, colocamos as seguintes indagações:
- Por que não vemos o Senhor Jesus, mencionando e ensinando sobre quebra de maldições, de uma maneira clara para a igreja que se iniciava?
- Por que o apóstolo Paulo não ensinou a respeito? Em Atos 20.27, ele diz aos cristãos de Éfeso, que nunca deixou de ensinar todo conselho de Deus, mas não vemos nenhuma menção a este ensino.
- Por que não vemos nenhum registro de uma reunião ocorrida na igreja primitiva, onde eles quebraram maldições?
Estas questões são objetivas. Entretanto, temos outras subjetivas, tais como:
- Qual a situação dele, com relação à Graça de Deus? Essa maravilhosa Graça está sobre ele ou não?
- Romanos 8.1 diz: “nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus”. Se tomarmos a palavra “condenação” como já vimos, ela se refere a uma “pena” ou sentença e até mesmo como uma “maldição”. Como conciliar esse texto com o ensino das maldições?
- 2 Coríntios 5.17 nos diz: Se alguém está em Cristo, é nova criatura, as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo”. Tirando a ênfase sobre a nova criatura e também sobre as coisas velhas que ficaram para trás, que por si só denotam “o novo indivíduo”, quero destacar “o estar em Cristo”. É possível alguém estar em Cristo e trazer sobre si, condenação (Rm 8.1), pena e maldição, segundo a Palavra de Deus?
- Êxodo 20:5,6. Vemos por essa passagem que a maldição recai sobre os transgressores e aborrecedores de Deus, e que a sua misericórdia é sobre aqueles que o amam. Em Romanos vemos o ensino de Paulo sobre a justificação. Pergunto: A pessoa que é justa, já não é mais transgressora diante de Deus. Como carregar, ainda, maldição dentro deste ensinamento da Palavra de Deus?
- Já ouvi dizer que um crente que está sob maldição, anda escravo dessa mesma maldição e, por isso não prospera e nem frutifica. Será? Como identificar Romanos 8.15 com essa afirmativa?
- Por escrituras como Romanos 14.12, Mt 12.36 e 1 Pe 4.5 fica entendido que “cada um dará conta de si mesmo”. Como harmonizar o ensino?
Sem delongar mais, quero chamar a atenção para um pequeno detalhe: Há quanto tempo a igreja convive com este ensino? Que eu saiba, isso é realmente novo. Talvez de uns 25 anos para cá. Se exceder um pouco, não vai muito além. Como e onde surgiu? Será que é uma nova revelação para a igreja? Não quero ser irônico e nem que ninguém me entenda assim, mas é o que ouvi. Transcrevo abaixo, um pequeno trecho do livro “Vento renovado, Fogo renovado”,de Jim Cymbala, pastor da igreja Tabernáculo do Brooklyn –NY.
“No mundo da propaganda, os redatores conhecem o poder das palavras mágicas: “Grátis!” e “Novo!”. Nós as encontramos no supermercado, no jornal, nos anúncios publicitários. E os consumidores respondem à altura. Na igreja de hoje, estamos ficando presos ao apelo do “Novo!”. As antigas verdades do evangelho não parecem tão espetaculares. Sentimo-nos inquietos com o último, o melhor, o mais recente ensino ou técnica. Nós, pastores em particular, parecemos estar procurando um atalho ou alguma estratégia dinâmica que venha incendiar nossas igrejas”. A oração dos cristãos primitivos, mencionada em Atos 4, focaliza três fundamentos: “Concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra… enquanto estendes a Tua mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios (29-30). Quero analisar o primeiro fundamento: “Concede aos teus servos que falem a tua palavra…”. Não havia confusão na mente dos primeiros cristãos sobre o que proclamar. Ninguém buscava novas mensagens. O evangelho pleno que eles ouviram de Jesus era considerado totalmente adequado.
Tive uma surpresa em uma conferência há não muito tempo, quando entre uma sessão e outra, sentei-me casualmente para conversar com alguns preletores. A conversa versou sobre as ênfases da igreja atual. Logo me encontrei indagando sobre que religião estavam eles discutindo. Um homem afirmou como é importante para os crentes descobrir, se algum dos seus antepassados assistiram a uma sessão espírita, mesmo séculos atrás. A não ser que “a maldição de gerações” tenha sido quebrada, não podemos esperar que prosperemos como cristãos. Até nossos filhos e netos continuariam correndo perigo, declarou ele. Imagine um salvo, uma nova criatura em Cristo, “… que nos tirou do poder das trevas, e nos transportou… para o reino do Filho do seu amor” (Cl 1.13) – de algum modo ainda sob a maldição de Satanás! Pensei nos inúmeros haitianos no Tabernáculo do Brooklyn que vieram para Nova York de uma terra onde a religião principal é o vodu. Se o que aquele homem ensinava fosse verdade, esses haitianos teriam muito dever de casa para fazer, tentando descobrir quais de seus avós trabalharam no ocultismo, para depois fazer alguma coisa a fim de quebrar este laço de longa data. Por que, imagino eu, Paulo não falou mais claramente sobre isso em suas cartas? O primeiro século viu muita feitiçaria. Será que os fiéis de Corinto, da Galácia e de Roma tiveram de explorar suas árvores genealógicas para localizar encantamentos do inimigo?”
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