Sociedade egípcia determina inverno rígido para os cristãos.
Passada a “Primavera”, os cristãos árabes se perguntam: “Será que os nossos filhos vão ver ainda as flores desabrocharem em seus anos de juventude?”. Segundo eles, a sociedade determina um inverno muito rígido e longo para os seguidores de Cristo. Nas semanas e meses que se seguiram, após os inúmeros protestos que lotaram as ruas de vários países orientais, de repente, as mulheres voltaram a usar o véu, e algumas até burcas completas, cobrindo da cabeça aos pés o que restou de um movimento tão cheio de esperança e de brilho. “Até mesmo os homens em seus longos djalabias brancos, que são as roupas mais tradicionais dos muçulmanos e barbas bem compridas, passaram a ocupar o cenário que me fez sonhar por um tempo, para voltar a viver o antigo pesadelo”, comenta um participante do movimento que não se identificou por motivos de segurança.
“Meus amigos cristãos estão partindo, alguns deixaram suas famílias. Os jovens estão desaparecendo e, frequentemente há acenos de despedida no aeroporto, o que faz partir nossos corações. Minha filha está profundamente decepcionada e triste, vejo nela mais um coração partido. Mas eu persevero em minhas orações, por que eu sei que Deus preparou aqui no Egito um tempo de colheita, precisamos ter paciência para aguardar o tempo certo. O mundo árabe não venceu e a vida com Cristo tem despertado muitas pessoas ao arrependimento e à prática do amor e da fé. Eu sinto isto no ar, para mim ficou um perfume daquela Primavera, que poucos estão sentindo. É preciso estar sensível ao Espírito de Deus para saber que algo ainda está para acontecer”, afirma o cristão.
Segundo ele, grandes reuniões de oração foram realizadas em favor da situação do Egito. “Em uma só noite, mais de 45 mil cristãos se reuniram para orar durante 12 horas, pedindo a Deus para visitar os corações de todos. Tudo o que vimos em 2013, não foi em vão, mais de 30 milhões de pessoas se mobilizaram, apoiadas pelo exército egípcio, contra o presidente Mohamed Morsi e seu regime que se mostrou um fracasso. Cristãos e muçulmanos, crianças e idosos, jovens e pessoas esperançosas uniram suas forças para protestar e lutar por uma pátria melhor, e isso não pode ser em vão”, diz ele.
Embora a expulsão de Morsi tenha sido um foco de esperança para os egípcios, para os cristãos teve o “outro lado da moeda”, ou seja, logo a seguir veio uma onda feroz de ataques contra a comunidade cristã. Igrejas, casas e comércios de cristãos foram saqueados e destruídos e a violência se intensificou. “Esses longos 5 anos após a Primavera Árabe fizeram aumentar a perseguição religiosa, e embora a aparência seja desértica, vista a olhos nus, nós cristãos, podemos enxergar além, e estamos vendo o Espírito de Deus agir. Entre alguns muçulmanos e cristãos houve harmonia e perdão, respeito e amor. Devemos estar prontos agora para compartilhar o evangelho com eles, a Primavera ainda não acabou. Eles estão curiosos para saber mais sobre a fé cristã, e nós podemos parar a nossa luta pela liberdade religiosa e investir um tempo nessas almas sedentas, construindo pontes para que eles também encontrem descanso em Jesus. Os egípcios islâmicos precisam enxergar que a igreja cristã no Egito é a resposta para a salvação de cada um deles. Eles precisam ouvir falar de Jesus Cristo, e se nós não pregarmos a eles, quem pregará?”, conclui o cristão.
Segundo Portas Abertas, o Egito é o 22º na Classificação a Perseguição Religiosa 2016.
Fonte: cpadnews